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segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Dom de Esquecer

Já ouviu falar em Mnemosyne? Esta, a deusa grega da Memória que através das suas filhas “as musas” inspira o haedo (poeta) a relembrar o passado e livrar do esquecimento aqueles feitos dignos de serem imortalizados. E há também o seu contrário complementar Léthe (esquecimento) deusa que joga na escuridão vidas, feitos, nomes e tudo aquilo que ela consegue arrebatar do plano passado. Não se pode haver memória sem esquecimento e vice-versa, uma precisa da outra. O poder das duas deusas são equiparados quando esquecer é tão necessário quanto lembrar. O dom de esquecer ao toque da deusa é em algum momento um alívio pra alma, assim como lembrar pode se tornar um infortúnio, e o que parece ser uma potência positiva, acabada trazendo males. Sete são as musas filhas de Mnemosyne, cada uma com uma função bem definida dentro da poesia fazendo da Memória ente primordial. Sete são os dias da semana em que as musas insistem em poeticamente, a cada segundo me lembrar do seu sorriso e do seu beijo. Mas quem me dera Léthe pudesse me dar o dom do esquecimento só por um tempo, só por esta semana, só até poder te ver e não lembrar mais. Mas nessa lógica de contrários contraditórios e complementares, relembrar acaba sendo um ato de esquecimento. Não do passado, mas do presente, porque sou brigado a sair deste plano, me desligar do agora para voltar ao passado. Invertida a lógica então, Mnemosyne me faz lembrar o passado e esquecer o presente, fazendo assim o papel de Léthe, tornando as duas deusas uma só. E já que as deusas brincam, e as musas cumprem seu papel, vou aceitar o fato de que, a deusa não quer jogar no esquecimento o que é digno de ser pra sempre lembrado, e aceito o fato de a cada dia, dormir e acordar lembrando de você; revivendo o que não mais é, criando uma sensação de falsa existência. Deibith Brito