Já desenhou um Sol
nas calçadas, Janelas e portas em paredes ou tentou fazer um buraco pra chegar no
Japão? É incrível como nossas brincadeiras de criança são uma metáfora das
nossas dificuldades de adultos.
Sonhávamos tanto, não
tínhamos a noção das dificuldades.
Quando o céu estava cinza era só desenhar um Sol na calçada e estava resolvido
o problema; o dia estava alegre novamente. Quando as paredes pareciam nos
aprisionar era só desenhar portas, janelas e claro, as chaves. Encontrávamos saída
onde só havia dificuldade. As portas nos levavam para mundos encantados, as
janelas sempre davam pra um quintal
florido e com grama verdinha. Quando
a coisa apertava mesmo e não havia calçadas
ou paredes, a solução era cavar no chão um buraco tão grande que
pudéssemos entrar e nos esconder.
E hoje? Minha calçada não tem Sol, minha parede não tem
portas e janelas imaginárias e não ouso sujar minhas mãos pra cavar um buraco
no chão.
Todas as calçadas são tristes,
e não encontro um desenho sequer; nenhuma marca mais das crianças criadoras do
Sol. As minhas paredes são frias, claustrofobiantes e delimitam muito mais do que o
meu espaço físico. Meus pés não
podem tocar o chão quanto mais eu me abaixar
para cavar com minhas unhas bem cuidadas.
Crescemos e perdemos a capacidade de “inventar saídas” para
as dificuldades como fazíamos quando éramos crianças. Quem me dera acreditar mais uma vez que tudo que eu quiser
que exista irá existir, mesmo que alguém diga; “se esse dia é triste PODERÁ haver outros melhores”, “não
adianta bater contra a parede”, “ao céu não chegará, do chão não passará”; mesmo
assim, desenhar meu Sol, criar minhas portas e janelas
imaginárias e cavar com as próprias mãos um buraco maior que eu.
Mesmo que ninguém acredite (nem mesmo EU), haverá sempre uma forma de se criar UMA SAÍDA.