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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Recortes



 
Em uma noite nostálgica de muita conversa sobre o passado,  releitura de e-mails antigos e muita, muita música; uma mexeu comigo de uma forma diferente. Após ouvir “Último romance- Los Hermanos” os olhos deixaram escapar  o que era pra ficar guardado. E após explicar  pra um dos meus amigos o porquê da música me emocionar, ele me fez uma  sugestão e uma pergunta. “Você deveria se desprender do passado; por que você não se empenha em viver algo assim marcante com a pessoa que lhe acompanha agora?”. Enquanto a música rolava a pergunta me exigia uma resposta. E disparei logo uma pergunta resposta, “ é um problema quando temos muitos relacionamentos não é? As situações que vivemos podem não se repetir, mas nós gostaríamos de algo ao menos parecido.” Ele concordou.
          Não se trata de relembrar pessoas  e sim situações. No meu caso, ouvi alguém se declarar pra mim cantando a música e chorando, isso me marcou. A pessoa passou,  estou muito bem resolvido quanto a isso mas a situação ficou e é disso que eu sinto falta. Da sinceridade que desconhece o medo, da verdade que sai sem se importar se o retorno vai ser bom ou ruim, da vontade simples de deixar o sentimento aparecer pro outro, de desnudar a alma. 

          Infelizmente vamos recortando as situações, as pessoas, os sentimentos, os lugares e montando um mosaico com nossas  lembranças. Podemos até colar outras coisas por cima, mas basta apenas uma raspagem simples para as partes escondidas aparecerem. Fingir que vai começar algo novo do zero é se enganar, e achar que  as outras pessoas são quadros em branco que vamos preencher é muita pretensão. Ninguém é um quadro em branco, nenhuma colagem estará por cima para sempre.

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